17 de set. de 2009

Ensino superior para assentados

Os dias 21 e 22 de setembro de 2009 serão marcados pelo “Seminário de Educação no Campo” (aberto a toda comunidade) que acontece na Universidade Federal de Viçosa (UFV). O evento busca levantar a discussão da educação no campo e sensibilizar a comunidade acadêmica para a criação de uma Turma Especial de Agronomia para assentados da Reforma Agrária. O curso tem a previsão de duração de cinco anos, e a primeira turma funcionará em caráter experimental.

Existem cerca de 60 cursos para turmas especiais de assentados no Brasil. A grande maioria desses cursos são de licenciatura, como Português, Geografia e História, o que se justifica pela falta de professores nos assentamentos. Em Viçosa o curso de agronomia é necessário pela falta de quadros profissionais na região, segundo Mário Riquelme, membro da Assessoria de Movimentos Sociais da UFV. A tarefa é desenvolver a produção agrícola nos assentamentos brasileiros.

A educação no campo sempre foi muito precária no país. As escolas eram de difícil acesso para a maioria da população, e, além disso, o conteúdo ensinado se caracterizava por conservar muito do ensino praticado nos espaços urbanas, não se voltando para as especificidades do mundo rural. Assim, foi criado em 1998 o Pronera com o objetivo de atender a essas particularidades do campo e levar a educação a comunidades mais afastadas. Apesar de o Pronera ter ajudado no melhoramento da educação nas áreas rurais, o desafio ainda é grande já que a verba do governo federal destinada ao projeto é ainda muito pequena, o que prejudica o transporte e a alimentação dos alunos. O modelo usado para a educação de assentados no ensino superior é a pedagogia da alternância, em que o graduando intercala sua freqüência na universidade com a ajuda ao familiares no cultivo de sua terra.


Uma comissão de oito professores da UFV foi montada em agosto para avaliar o projeto escrito pela Assessoria de Movimentos Sociais da UFV. Em outras experiências ocorridas no território brasileiro, os críticos da iniciativa alegam que a criação de uma turma especial de assentados fere o direito da igualdade de condições para o ingresso no ensino superior. A educadora Maria Clara di Pierro afirma que o Pronera contribui para a democratização da educação no campo, dando oportunidade a muitos que não tinham acesso ao ensino superior. Além disso, vale ressaltar que não se pode tratar de maneira igualitária os desiguais, já que uma pessoa do campo (em muitos casos) não tem acesso à mesma qualidade de ensino encontrada nos centros urbanos. Para reforçar esses argumentos favoráveis, a própria lei de diretrizes de base de 1996 assegura o direito a educação para moradores do campo.

Veja a programação do evento aqui.

7 comentários until now.

Ana + 17 de setembro de 2009 às 22:59 (#) :

Em pensar que o Pronera sofreu altos golpes este ano. Enfim, quem sabe esse curso finalmente sai na UFV?
É apenas uma cerca em tantas para rompermos!
=)

Meninos e meninas, está muito gostoso acompanhar o que vocês tem produzido dos MS aí na Zona da Mata. Posso sugerir que façam uma entrevista? Ia ser bacana demais.

Beijocas!

Baiana - again + 17 de setembro de 2009 às 23:07 (#) :

Ah, só mais uma coisita. Ta com dois links pras BPs ali, e nenhum pro BdF... poderiam fazer uma socialização mais justa daquela columa ali, hein? Hihihihihi! Mas ó: arrasaram com a rádio, volto a dizer.

Quando proliferaram os mil blogs e twitters de povo da com pensei: vixi, matéria obrigatória. Tô bancando a chata em todas caixas de comentários. Acho que o professor e colegar de vocês vão me odiar enquanto os blogs durarem. Hohoho.

;)

Bárbara Gegenheimer + 18 de setembro de 2009 às 08:57 (#) :

Bacana demais o blog de vocês!

Acho muito engraçado esse discurso de que dar oportunidade - e não digo nem igualar os direitos! - a quem é excluído fere a democracia da igualdade! Lembrei uma discussão na minha sala sobre cotas, e o discurso é sempre o mesmo, ainda que a problemática das cotas seja mais polemico, enfim! Gostaria de ver algo também sobre o Movimento Negro. Sabem se rola algo por aqui na Zona da Mata?

Beijos e saudades de vocês!

Lívia Alcântara + 18 de setembro de 2009 às 10:58 (#) :

Ana, sugira a entrevista!

Ana + 18 de setembro de 2009 às 13:16 (#) :

Não pensei em ninguém em ninguém específico e depende da pauta que querem. Podia ser, por exemplo, o Claret do MAB, os meninos da Ap, o Daniel do MST... Esse povo bacana!
=)
Beijos

Lívia Alcântara + 18 de setembro de 2009 às 14:01 (#) :

Barbara, não sei se o Movimento Negro Negro organizado aqui na Zona da Mata. Sei que exite uma comunidade quilombola e manifestações da cultura africana. Procuraremos saber!

Lívia Alcântara + 18 de setembro de 2009 às 14:02 (#) :

Ana, segredo para você: a partir de semana que vem teremos um espaço de podcasts. Serão entrevistas com este pessoal bacana, ampliando as discussões que o Bangalô de Flores levanta nos posts!

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